O Povo venceu - Após pressão popular, a PEC-37 é derrubada no Congresso
Por 430 votos contrários
e apenas 9 a favor, Câmara enterrou proposta de emenda que limita poder
de investigação do Ministério Público
BRASÍLIA - Com as galerias tomadas de promotores e procuradores, a
Câmara derrubou por 430 votos a 9 – e duas abstenções – a proposta de
emenda constitucional que reduzia o poder de investigação criminal do
Ministério Público (a PEC 37). A votação, e em especial o placar, foi
uma clara resposta à pressão das ruas ao Congresso. A PEC 37 era uma das
matérias em tramitação na Casa mais atacadas pelas recentes
manifestações nas ruas do País.
O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou a
anunciar que a votação ocorreria no dia 3 de julho mas a apreciação da
matéria foi antecipada para atender o “clamor das ruas”.
Com a pauta de votações do dia cheia de projetos, Alves chegou a adotar
uma manobra regimental para garantir que a PEC 37 fosse apreciada – e
derrubada – ainda nesta terça-feira, 25.
Ao final da sessão ordinária que debatia do projeto que destina os
royalties do petróleo para a educação, Alves interrompeu a votação da
matéria e convocou uma sessão extraordinária para discutir
exclusivamente a PEC 37. Dessa maneira evitou-se o risco de que, caso a
votação dos royalties avançasse madrugada adentro, a apreciação da PEC
37 fosse prejudicada por falta de quórum.
Falta de consenso. Para tentar alcançar um texto de acordo no tema
polêmico, foi constituído um grupo de trabalho coordenado pelo
Ministério da Justiça e que contou com a participação de parlamentares,
delegados e procuradores. Mas não houve consenso. Ao iniciar a sessão
para debater a PEC, Alves disse que a Casa trabalhou por um acordo entre
as duas corporações – polícia e Promotoria.
“O povo brasileiro, que quer cada vez mais o combate à corrupção e à
impunidade, gostaria de ver o MP e os delegados unidos”, declarou.
“Tentamos de todas as maneiras e demos um prazo até segunda-feira para
que esse acordo fosse produzido e na noite de hoje não tivesse nem
vencedores nem vencidos.”
Parlamentares admitiram que a pressão popular foi fundamental para
derrubar a proposta. “Isso não aconteceria sem as ruas”, avaliou o
deputado Walter Feldman (PSDB-SP), para quem, sem as manifestações nas
ruas, ao menos 70% dos deputados apoiariam a aprovação da PEC. A mesma
opinião veio do PSOL. A aprovação só foi possível por conta do acordo
entre os partidos para votar, mais adiante, projetos que regulamentam os
procedimentos de investigação do MP.
Na sessão desta terça-feira, cada deputado que advogou a queda da PEC
foi ovacionado e fortemente aplaudido pelos promotores nas galerias.
“(O presidente Henrique Eduardo Alves), escutando o que está dizendo as
ruas, resolveu trazer a pauta à votação mesmo sabendo que o processo
não vai se encerrar”, disse o líder peemedebista na Câmara, Eduardo
Cunha (RJ). “Precisamos regulamentar (a investigação criminal) e um
projeto já foi apresentado para buscar o debate”, disse Cunha,
aplaudido.
O projeto citado é de autoria do líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP). “O
objetivo é estabelecer um regramento nacional, unificação do
procedimento de investigação para promotores e delegados. Não retira e
nem restringe o poder de investigação do Ministério Público. Apenas
estabelece regras”, defendeu.
O autor da PEC 37, deputado Lourival Mendes (PT do B-MA), foi vaiado ao
subiu à tribuna para defender o projeto. “Não é a PEC da impunidade.
Lamentavelmente a PEC foi rotulada de algo que nada tem a ver com o seu
objetivo. Ela o estado jurídico do Brasil.”
O Povo brasileiro está de parabéns!
Estadão
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