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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Seca provoca a mais grave crise em Pólo Avícola de Pernambuco


Os prejuízos causados pela seca provocaram uma crise na produção de ovos e de frangos para o abate no maior polo avícola de Pernambuco. Em São Bento do Una, muitos produtores estão abandonando a atividade. O cenário é dramático numa das regiões mais prósperas do estado.
O município é o que mais produz ovos e frangos em todo o Nordeste e também enfrenta o colapso no abastecimento de água.
No município, não existe nenhuma grande barragem, nenhum grande açude público. Os produtores têm que construir os próprios reservatórios e, desta vez, a estiagem secou todos eles.
Muitas granjas estão sendo desativadas. Os galpões abandonados se multiplicam, numa região que produzia 2,7 milhões de ovos por dia e 350 mil frangos por semana. A seca produziu uma crise sem precedentes no município. "Essa é a maior de todos os tempos. Hoje nós não temos água de maneira nenhuma", lamenta o avicultor Fernando Vilela Sobral.
A avicultura estava em plena expansão no município antes da seca. No ano passado, a taxa de crescimento foi de 8%. Com a estiagem mais severa das últimas décadas, os produtores tiveram que adiar os projetos de ampliação e investir em algo mais urgente, a sobrevivência das aves e da própria atividade.
Em uma das granjas locais, o terreno já estava preparado para a construção de três galpões, mas foi preciso investir R$ 11 mil na perfuração de um poço artesiano, que deu água salgada, imprópria para as aves. As despesas aumentaram em R$ 1,8 mil por semana, com a compra de água. O jeito foi reduzir o número de galinhas. Das 44 mil, restaram 31 mil. E elas foram vendidas antes do tempo, quando estavam na fase mais produtiva. "É o período que a gente começa a ganhar mais um pouco, que é um ovo maior, a galinha está mais produtiva, mas estamos vendendo porque não está dando para aguentar mesmo, para segurar", afirma o gerente Joelson Lima da Silva.
Há casos mais dramáticos. Cerca de 40% dos pequenos e médios produtores de frango para o abate abandonaram a atividade. Como o avicultor Osório Cordeiro, que criava 11 mil aves. Ele demitiu os três funcionários e ficou com quatro galpões vazios. "Fica difícil para a gente criar", pontua.
O preço do milho dobrou nos últimos dois meses. Os custos com ração e água inviabilizaram a produção até de granjas maiores. Uma delas tinha dez galpões, com 120 mil aves. O dono suspendeu a produção há um mês e meio. "É seca e a gente vai continuar com ela. Então a solução é [a construção de] barragens, não tem outra solução", clama o avicultor José Francisco de Oliveira.
A produção de ovos no município já caiu em 15%. O desemprego segue a mesma proporção, e pode piorar. "A perspectiva é que, se não chover nos próximos 90 dias, nós teremos um colapso total com mais de 50% da produção de ovos e de frango perdida. Consequentemente a mesma quantidade também diminuirá nos postos de trabalho", acredita o secretário de Desenvolvimento Econômico e Social do município, Acácio Melo.
A crise na avicultura já faz estragos no comércio. As lojas estão sem movimento a poucos dias do Natal e a inadimplência aumentou. "Nós tivemos uma diminuição em média de 35% nas vendas diretas e estamos com cerca de 12% de inadimplência", afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Bento do Una, Alexandre Braga.

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